GÊNEROS
LITERÁRIOS
Estrutura
do Conto
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1 – Unidade dramática
2 –
Unidade de tempo
3 –
Unidade de espaço
4 – Número reduzido de personagens
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5 –
Diálogo dominante
6 –
Descrição e narração (tendem a anular-se)
7 –
Dissertação (praticamente ausente)
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CONTO – História completa e fechada como um ovo. É uma
célula dramática, um só conflito, uma só ação. A narrativa passiva de
ampliar-se não é conto.Poucas são as personagens em decorrência das unidades de
ação, tempo e lugar. Ainda em consequência das unidades que governam a
estrutura do conto, as personagens tendem a ser estáticas, porque as surpreende
no instante climático de sua existência. O contista as imobiliza no tempo, no
espaço e na personalidade (apenas uma faceta de seu caráter).O conto se semelha
a uma tela em que se fixasse o ápice de uma situação humana.
ESTRUTURA - É essencialmente objetivo, horizontal e narrado
em 3ª pessoa. Foge do introspectivismo para a realidade viva, presente,
concreta. Divagações são escusadas. Breve história. Todas as palavras hão de
ser suficientes e necessárias e devem convergir para o mesmo alvo. O dado
imaginativo se sobrepõe ao dado observado. A imaginação, necessariamente
presente, é que vai conferir à obra o caráter estético. Jamais se perde no
vago. Prende–se à realidade concreta. Daí nasce o realismo, a semelhança com a
vida.
LINGUAGEM – Objetiva; utilizar metáforas de imediata
compreensão para o leitor; despe–se de abstrações e da preocupação com o
rebuscamento.O conto desconhece alçapões subterrâneos ou segundas intenções. Os
fatos devem estar presentes e predominantes. Ação antes da intenção.
Dentre os componentes da linguagem do conto, o
diálogo é o mais importante de todos. Está em primeiro lugar; por dramático,
deve ser tanto quanto possível dialogado.
Os conflitos, os dramas residem na fala das pessoas, nas palavras ditas, não no
resto. Sem diálogos não há discórdia, desavença ou mal – entendido e, sem isso,
não há conflito e nem ação.
As palavras como signos de sentimentos, de ideias,
emoções, podem construir ou destruir. Sem diálogo torna–se impossível qualquer
forma completa de comunicação. A música e a dança transmitem parcialmente tudo
o que o homem sente ou pensa. O meio ideal de comunicação é a palavra,
sobretudo na forma de diálogo.
O diálogo é a base expressiva do conto: diálogo
direto, indireto e interior.
No conto, predomina o diálogo direto que permite uma comunicação imediata entre
o leitor e a narrativa.
Se usado diálogo indireto em excesso, o conto falha
ou é de estreante. Diálogo interior: trata–se de um requintado expediente
formal, de complexo e difícil manuseio.
Outro expediente linguístico é a narração, que deve aparecer em quantidade
reduzida, proporcional ao diálogo.
Os escritores neófitos ou inexperientes usam e abusam da narração, por ser um
recurso fácil, que prescinde das exigências próprias do diálogo. É um recurso
que tende a zero no conto.
A descrição ocupa semelhante lugar na estrutura do conto. Está fora de
cogitação o desenho acabado das figuras. Ao contrário, o conto não se preocupa
em erguer um retrato completo das personagens, mas centram–se nos conflitos
entre as personagens.
A descrição da natureza ou do ambiente, ocupa ainda
mais modesto, pois o drama expresso pelo diálogo, dispensa o cenário. O drama
mora nas pessoas, não nas coisas e nem na roupagem. A descrição completa-se com
2 ou 3 notas singelas, apenas para situar o conflito no espaço.
TRAMA - Linear, objetiva.
A cronologia do conto é a do relógio, de modo que o
leitor vê os fatos se sucederem numa continuidade semelhante à vida real.O
conto, ao começar, já está próximo do epílogo. A precipitação domina o conto
desde a primeira linha. No conto, a ação caminha claramente à frente.
Todavia, como na vida real, que pretende espelhar,
de um momento para o outro deflagra o estopim e o drama explode
imprevistamente. A grande força do conto e o calvário dos contistas consistem
no jogo narrativo para prender o interesse do leitor até o desenlace, que é,
regra geral, um enigma.
O final enigmático deve surpreender o leitor,
deixar-lhe uma semente de meditação ou de pasmo perante a nova situação
conhecida. A vida continua e o conto se fecha insequente. Casos há em que o
enigma vem diluindo no decorrer do conto. Neste caso ele se aproxima da crônica
ou corresponde a episódio de romance.
FOCO NARRATIVO – 1ª e 3ª pessoas.
O conto transmite uma única impressão ao leitor. Começo
e epílogo: O epílogo do conto é o clímax da história. Enigmático por excelência
deve surpreender o leitor.
O contista deve estar preocupado com o começo, pois
das primeiras linhas depende o futuro do resto, do que terminar.O começo está
próximo do fim. E o contista não pode perder tempo com delongas que enfastiam o
leitor, interessado no âmago da história.
O início é a grande escolha. O contista deve saber
como começar, o romancista.
A posição do leitor diante do conto é de quem deseja, às pressas, desentediar-se.
Ele procura no conto o desenfado e o deslumbramento perante o talento que
coloca em reduzidas páginas tanta humanidade em chama.O contista sacrifica tudo
quanto possa perturbar a idéia de completude e unidade.
CONCLUSÃO
A narrativa passível de ampliar-se ou adaptar-se a esquema diversos, ainda que
o seu autor a considere, impropriamente, não pode ser classificada de conto.